27 de mar. de 2011

28-27

Neguinho tá cheio de moda
Prefiro ficar de fora
Não sou foda, nao sou foca
Jogo bola, vou pra escola
Meu hobby nao é fazer lobby
Então se toque, se desdobre
Zona norte, zona pobre
É o lado forte de New York
Não sou nobre, quase um lock
Vem comigo dar o bote
Eu não canso de falar
Tem muito mar pra eu desbravar
Quero voar, sentir o ar
Vou ver o falador falar
Verdadeiro se aproximar
O falso se distanciar
E o depois? deixa pra lá...
Vem, vem comigo, tamo junto
Vou correr por todo mundo
Até ressucitar defunto
Mas meu sangue não derrubo
Meu santo tem manto rubro
Todo dia mais descubro
Que o nome deles tá imundo
Sai de cima desse muro
O esforço não é gratuito
Sigo forte no intuito
De ser menos vagabundo...

25 de mar. de 2011

Versos Desconexos

Eu quero é paz e humildade
com os amigos atividade
na rataria da cidade
sem responsabilidade
quero mais criatividade
no busão pagou passagem
namoral, sem trairagem
emite o visto da viagem
por que eu quero curtir
da minha casa sair
vou comendo um açaí
na praia de jet ski
marca aí, eu vou ali
ver a babilonia cair
vou fechar sem despedir
eu quero mais esperança
escola pra todas as crianças
ver geral encher a pança
acerta as contas na balança
neguinho só quer herança
cresce o olho pra vingança
quem morreu foi a esperança
quem espera já não alcança
é papo de confiança
pra viver paga fiança
eles ja têm medo da morte
não escapam mais do corte
todo mundo quer ser forte
eles querem as armas no porte
to afim de andar de porsche
no lazer, tipo esporte
chute na cara do Belfort
e no senado é mensalão
político, tudo ladrão
leva tudo do cidadão
que recorre à religião
teu pastor é fanfarrão
te engana e chama de irmão
pura alienação, é quase televisão
o domingão não é do faustão
é do jogo do mengão
agora no engenhão
pra levantar a multidão.

19 de mar. de 2011

Dia de chuva

Silêncio pra acordar, fez o mesmo ritual
Numa ducha de cotidiano, um plano matinal
Café com pão, pegou no chão e leu o jornal
Diz que não, diz que não, não é nada pessoal.
Acende a luz que é pra iluminar o quarto
Li teus textos um por um, cada vez mais abstratos
O mar não tá pra peixe, o louco se jogou no couro
Tatuou em corpo a filha, em cima escreveu socorro
O tempo aproximou um mundo de questionamento
Na cabeça martelou, martelou sofrimento.
Desligou a webcam, andou quase a noite inteira
Foi geladeira-quarto, quarto-geladeira
É só poeira, deixa como está pra acumular lembrança
Na pratileira ainda está lá, um prato pra ganância
Um bilhete premiado, e se eu morri, dá meu carro
O resto é pra minha filha e vai junto com um recado
Eu estou sufocado, mãe, filha, teu pai te ama
Só acredita em você, por que até quem ama engana
Não deixa nada te amargar demais seu coração
Lembra, a busca é pela afirmação, legitimação
E que o resto é consequência, mesmo que eles digam não
Nunca esquece que tu tem escolha, nega servidão
Se mantenha intacta, vão tentar te envenenar
Cuidado até com o espelho, o mal é subliminar
Buscou um ponto de equilíbrio, olhou pela janela
Adimirou tudo em volta, a incerteza nunca espera.
Fez as pases com religião, família, ex-mulher
Leu de vida após a morte, vai que vira, cai em pé.

Garfo com colher e faca, copo com garrafa
Eu tô catalogando a casa, pra ver se essa merda passa
Prato e taça, até cadeira, quadro e armário
Aquele som lá de fora, vem com gosto de trabalho.
Votos de vencer sem planos pra vitória
Foto em calendário, em cada caixa uma história
Eu guardo bem minhas palavras, são poucas mas eu guardo
Uma letra, uma anotação e um porta-retrato
Toca-disco e televisão, resignação
Pensei no Marvin Gaye, tipo premeditação
Never Mind, Kurt, eu fui falar veio tudo
Eu tenho um filme pra entregar, eu sei, abandonei o estudo
Eu vou fazer o que da vida? pensa, analisa a cena
Não basta minha família e dinheiro, eu sou problema.
Já percorri a sala, chorei, fui na sacada
Olhei, desci de elevador, depois subi pela escada
Com vizinho tramador à cada porta e corredor
Comprimentei cada um, como, vibe de amador.
Com o futuro escrito à mão por mim, o que é que me faltou?
Tive com a felicidade bem aqui, me escapou.

Terceiro ato, quem te viu, viu a imagem da esperança
Puro na ilusão, ancioso igual criança
Exitante, obscuro, o medo te fez refém
Sem obstinação, meio mal, meio bem
Numa corda bamba, tendencioso pro pior
Falou com o Jorge Ben enquanto conferiu no nó.
Largar mão de tudo é foda e ao mesmo tempo covardia
Orou foi pra São Jorge, nessa hora, quem diria
Tomou um copo d'água pra perpetuar a rotina
Num estado de elevação que te contamina.
Será que vale a pena? dúvida sacode a mente
Verdade pra valer, tem que ser contundente
E se não for, vira greve de fome do garotinho
Tentação, vai embora, anda, sai do meu caminho.
Eu não posso fraquejar, agora eu tenho que ser sujeito
A culpa invade porta adentro e crava no meu peito.
Um passo à frente, e pra descer tem que cair
Um passo à trás, e os inimigos vão me perseguir.
O sol bateu no rosto, eu dosei na tristeza
O mundo não ficou cruel, sempre foi por natureza.
Trava o pé, sua mão, embreagado de incerteza
Um passo pra libertação, momento de clareza.
Eles querem me persoadir, sem deixar sequela
Eles querem integração assim, murando a favela.
Aqui não.
Se eu voltar, vai ser eu com meus motivos
Como eu vou olhar meu pai assim? Eu nunca mais consigo
Parece simples, mas é meu nome que tá aqui
Tenho mais a perder se eu voltar, que se eu seguir.

13 de mar. de 2011

viagem

criando atividade, mente propícia pra rotatividade

atividade na laje pq nego não tá de sacanagem

curtindo um som do sabotage, mulequinho soltando pipa da lage

que se foda minha idade e as piranhas do ménage

e a porra da homenagem pro rei... que rei?

rei roberto carlos? desde quando? nem sei..

comentei de mais um texto, pode cre, sei q falei

comecei a escrever, parei, pensei... é, cansei

cada um na sua onda, eu curto a minha, tu gasta a tua

mas chega de mironga, porra maluco, se situa

não vem fazer promessa, sem essa de olhar pra lua

to ligado onde eu to, mais respeito com essa rua

a cultura q tu pisa é a mesma que te cultua

e a loucura que tu cultua é a mesma que te enlouquece

padre na tv aparece fazendo prece

fala tanta mentira e o nariz dele não cresce

dinheiro entra no bolso, religião? esquece

mas é mais ou menos assim

'proce' ta bom, mas não pra mim

o que eu quero não é só din din

os doidos tão pedindo o green

cai o respeito, sobe o blin blin

to com fome, eu to magrinnn

eu vou comer, matar a larica

pior do que tá não fica

lembra até do tiririca

na rave neguinho só frita

e sequela, vendo novela na tela da donatella sem guela toda amarela, mais bela...

e como cê tá? aqui ninguem mais sabe

eu vou ralar, então passa minha chave

abre a porta aqui da minha nave

que eu vo pra longe dessa nova cidade

pq a violencia aqui ta mt grave...

(sem ofenças ao meu rio de janeiro no penúltimo verso... a cidade é fictícia. rs)

9 de mar. de 2011

e agora?

e se eu chegar agora e disser que tanto faz?
e se eu mudar de idéia falando que nem sei mais?
e se o mundo inteiro se voltasse só pra paz?
e se à cada momento eu pudesse voltar atrás?
e agora, josé, me diz o que fazer?
e se eu descalçar os pés só para começar a correr?
se eu for pra praia a pé e sentir a brisa bater?
reduzir pra marcha ré sem deixar ninguem me deter?
e se eu der motivo pro falador falar?
e se eu te der motivos e depois contrariar?
a minha auto-estima não é fácil de abaixar
meu ego é maior do que voce pode imaginar
meus neurônios independentes, já agem por conta própria
batalho muito mais que o neguinho da etiópia
eu tô aqui pra criar, eu não vim pra fazer cópia
por isso eu tento sempre pensar de forma lógica
então só para e pensa nas balas perdidas
pensa só no número das vidas sofridas
vai ver que a bala achou, quem tinha alguma dívida
e talvez essa tenha sido a única saída
a dádiva da vida não merece um fim tão breve
agora para e pensa, que além disso a vida segue
quem tem cabeça feita, é quem nunca se perde
diante da dificuldade é quando ele aprende
abaixa a cabeça e o fraco se arrepende
a rima vem no verso como se fosse repente
agora eu posso ver que dinheiro surpreende
povo rico de alma valoriza quem é gente
não põe ninguém pra frente, só preza o decente
mas é aqui no Brasil, oportunidade tipo funil
se voce não batalhar, quando ver, tu já caiu
cada um faz o que pode, mas no fim tu é civil
toda banalidade veio nos anos 2 mil
é fim de carnaval, então se liga, vê legal
aqui a gasolina já não vale 1 real
não vale dar mole na espera do sinal
vagabundo vem armado e se tu der mole, blau blau
chega e leva geral, com malícia de outlaw
tanto faz, falou legal
tudo que eu quero é paz
paz que o mundo não fez
disse tanto o tanto faz
tanto que faz, voce nem fez.